Dados do Trabalho

Título

SINDROME DO TUNEL DO CARPO INFANTIL: RELATO DE CASO

Introdução e objetivo

A Síndrome do túnel do carpo (STC) é uma neuropatia compressiva do nervo Mediano, que se traduz em uma ruptura da barreira hemato-nervosa e consequente lesão isquêmica da microcirculação do nervo devido a combinação de elementos de compressão e tração. Chegando a acometer de 4 a 5% da população, a STC é responsável por 90% de todas as neuropatias, com maior incidência em indivíduos entre 40 e 60 anos, mais prevalente em mulheres (3:1 homens), sendo incomum em crianças.
Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento da STC, podemos sublinhar aspectos anatômicos, genéticos, gestação, patologia subjacente, uso de medicamentos, causas ocupacionais, assim como maus hábitos e movimentos repetitivos.

Material e Método

MFFS, sexo feminino, 11 anos e 11 meses, destra e dominante, estudante e desenhista, previamente saudável, compareceu em atendimento ambulatorial com queixa de dor e parestesia nas mãos direita e esquerda há trinta dias, negou trauma. Relatou piora dos sintomas quando pratica o hobby de desenhista. Ao exame físico observou-se teste de Phalen positivo e sinal de Tínel negativo bilateralmente. Radiografias das mãos e punhos sem alterações.

Resultados

O exame de RNM dos punhos demonstrou espessamento do nervo mediano, com área de secção transversa à direita de 17,4 mm 2 e à esquerda de 17,6 mm 2, confirmando assim o diagnóstico de STC bilateral. Por se tratar de faixa etária incomum para manifestação de sintomas de STC, foi solicitada consulta com geneticista e outros especialistas para investigação de doenças associadas a esta neuropatia na infância, e após consultas e uma série de exames específicos, foram descartadas quaisquer doenças associadas ou subjacentes a STC.

Discussão

Podemos identificar uma STC pediátrica idiopática, com sintomas exacerbados pelo hobby da paciente, que engloba os fatores de risco como movimentos repetitivos e postura, bem como o longo tempo dedicado aos desenhos, o que pode justificar os sintomas exuberantes apresentados.
Considerando a idade da paciente, os sintomas, a indisposição da menor para mudança de hábitos, bem como a possibilidade de agravamento do quadro, o tratamento cirúrgico apresentou-se como melhor opção, priorizando-se o lado direito devido maior sintomatologia.

Conclusões

A raridade dos casos de STC idiopática em crianças e a diminuta literatura sobre o tema confere maior interesse no estudo de casos como este e proporciona o desafio para os profissionais de saúde na melhor escolha de tratamento de crianças com STC idiopática.